Genialidade e escatologia

By Ayrton Mugnaini Jr

Showbizz, February 1999


FRANK ZAPPA
Over-Nite Sensation 9
Zappa In New York 6
Bongo Fury 8
Joe's Garage 9
Broadway The Hard Way 7

Rykodisc/Eldorado
200 Motels 8
ST2
Cucamonga 5
Abril Music

Músico e compositor dos mais completos e influentes, Frank Zappa (1940/1993) tem seu lado Elvis Presley. Assim como o cantor, ele produziu demais e diluiu seu enorme talento em dezenas de discos. Seus dons de compositor, guitarrista, satirista e crítico social geraram não só alguns dos melhores discos de rock de todos os tempos, mas também horas de escatologia e sexismo os mais juvenis, e solos intermináveis.

Joe's Garage, LP triplo (hoje CD duplo) de 1979, é um dos melhores discos de FZ & uma grande ópera-rock, musicalmente bem versátil e uma bela cacetada nos governos totalitários. Bongo Fury, de 1975, une Zappa a outro ilustre roqueiro de vanguarda, o cantor e compositor Captain Beefheart.

Broadway The Hard Way, ao vivo de 1988, inclui curiosidades como um dueto com Sting em “Murder By Numbers” (lado B de “Every Breath You Take”). Outro ao vivo, só que duplo, Zappa In New York (1977), é desigual, mas interessante, bem tocado o suficiente para esconder um pouco o sexismo de letras como “The Illinois Enema Bandit” – detalhe: esta reedição inclui faixas-bônus, como “Cruisin' For Burgers” (originalmente do disco Uncle Meat) e “Punky's Whips”.

Over-Nite Sensation, de 1973, é mais simples e acessível (deu a FZ seu primeiro Disco de Ouro), incluindo clássicos como “I'm The Slime”, sátira ao poder emburrecedor da televisão, e “Montana”, nonsense sobre a arte de plantar fio dental.

200 Motels é a trilha do bizarro filme homônimo de 1971 em que Ringo Starr aparece no papel de... Zappa. Inclui faixas excelentes, como a orquestral “Holiday In Berlin” e a balada country “Lonesome Cowboy Burt”.

Cucamonga reúne quase todas as primeiras gravações de Zappa em 1962-64, provando que, apesar de vanguardista, ele adorava rock'n'roll, twist e doo-wop, embora não estivesse à altura dos mestres desses gêneros. Um CD curioso, histórico e até divertido, com pelo menos duas faixas promissoras, “World's Greatest Sinner” e “Jessie Lee”.

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